sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Carboidrato, Proteina e recuperaçao muscular

Especula-se sobre os benefícios das bebidas esportivas adicionadas de proteína, tendo em vista a existência de evidências apontando para uma evolução mais significativa da performance, da redução de danos musculares e sua recuperação pós-exercício, quando comparados com a ingestão de bebidas contendo somente carboidrato (Ivy e colaboradores., 2003; Saunders e colaboradores., 2004; Williams e colaboradores., 2003; Zawadski e colaboradores., 1992). Entretanto, as bebidas contendo uma mistura de carboidratos e proteínas entre atletas brasileiros ainda não são popularizadas, provavelmente, devido ao fato de muitos ainda não estarem cientes dos possíveis benefícios, ou pela maioria das opções de mercado ser representada por produtos importados ou de elevado custo. Muitos destes produtos são desenvolvidos para desempenhar o papel de combustível durante o exercício. Outros, mais concentrados em nutrientes, deveriam ser ingeridos mais especificamente logo após o exercício para facilitar a recuperação.
Um número crescente de estudos tem demonstrado que a ingestão de carboidrato mais proteína durante o período de recuperação pós-exercício otimiza a reposição das reservas de glicogênio (Van Loon e colaboradores., 2000; Williams e colaboradores.,2003; Zawadski e colaboradores., 1992) e o balanço protéico (Koopman e colaboradores., 2004). Entretanto, nem todos os autores foram capazes de demonstrar que a ingestão deste tipo de solução poderia resultar em uma melhor recuperação pós-exercício, em comparação com a ingestão de bebidas que contenham somente carboidrato.
Carboidrato + proteína: aumento de insulina
Betts e colegas (2005) realizaram dois estudos nos quais administraram diferentes volumes de uma solução contendo somente carboidrato (9,3%) e outra contendo a mesma quantidade de carboidrato, adicionada de proteína (1,5%), com uma semana de intervalo. As soluções foram administradas, a cada trinta minutos durante o período de quatro horas de recuperação, após terem realizado noventa minutos de corrida a 70% do VO2 máx. Depois deste período, os indivíduos voltavam a correr a 85% do VO2 máx até a exaustão. A ingestão da solução, que continha carboidrato e proteína, resultou no aumento da liberação da insulina. No entanto, isso não foi capaz de postergar o tempo de exaustão. Neste trabalho as reservas de glicogênio não foram mensuradas diretamente por meio da realização de biópsia muscular.
Dose mais elevada de  carboidrato ou proteína + carboidrato: diferença insignificante?
Já na pesquisa realizada por Van Loon e colegas (2000), os autores submeteram oito ciclistas a três procedimentos experimentais, separados por uma semana de intervalo, diferenciados pela suplementação recebida. Em uma das situações eles receberam por hora 0,8g de carboidrato/Kg de peso corporal. Em um segundo momento eles receberam a mesma quantidade de carboidrato acrescida de 0,4g de proteína. Por fim, receberam mais carboidrato (1,2g/kg/h), sem adição de proteína. Para avaliação do impacto das três soluções sobre a ressíntese de glicogênio, os atletas foram submetidos à biopsia muscular quinze minutos após o teste físico e cinco horas após a coleta de sangue a cada trinta minutos, durante este mesmo período. Ao longo dos primeiros duzentos e setenta minutos pós-exercício, os atletas ingeriam 3,5ml para cada quilo de peso, uma solução a cada trinta minutos. Os autores observaram, como resultado da experiência,  uma diferença insignificante entre a ingestão de uma dose mais elevada de carboidrato e a ingestão da solução contendo carboidrato, acrescida de proteína. Entretanto, as duas soluções conseguiram promover uma ressíntese de glicogênio significativamente superior á realizada com ingestão da solução contendo menor concentração de carboidrato, sem adição de proteína. O resultado alcançado demonstra que o impacto da ingestão de proteína sobre o reabastecimento das reservas de glicogênio poderia estar relacionado á maior oferta calórica.
Carboidrato + Proteína e reservas musculares de glicogênio.
Carrithers e colaboradores (2000) suplementaram sete ciclistas com três tipos de soluções a cada trinta minutos, durante quatro horas (100% carboidrato; 70% carboidrato + 20% de proteína + 10% de lipídios; 86% de carboidrato + 14% de mistura de aminoácidos). O objetivo da pesquisa era determinar os efeitos da ingestão de uma mistura de carboidrato acrescida de proteína sobre a restauração das reservas musculares de glicogênio, entretanto os resultados obtidos sugeriram que a ressíntese de glicogênio não é aumentada em função da presença de proteína, quando soluções com o mesmo valor calórico são administradas pós-exercício.
Aumento da ressíntese de glicogênio.
Entretanto, estudos mais recentes nem sempre foram capazes de demonstrar tais efeitos. Petridou e colegas (2003) administraram 2,1g de CLA ou placebo, durante 45 dias, para 16 mulheres não-obesas. Como resultado os autores observaram que apesar de ter havido aumento dos níveis séricos de CLA, a suplementação não promoveu alteração no perfil lipídico e na composição corporal dos indivíduos.
Berardi e colegas (2006) comparam os efeitos da ingestão de placebo, carboidrato (1,2g/kg/hora) e de carboidrato, acrescido de proteína (0,8g/kg/hora de carboidrato mais 0,4g/kg/hora de proteína) administrados imediatamente, uma hora e duas horas após seis ciclistas terem realizado sessenta minutos de teste físico, no qual foram instruídos a pedalarem na máxima velocidade possível durante este período. Seis horas após o término do primeiro teste, um novo, com as mesmas características, foi realizado novamente. Para avaliação do impacto da suplementação sobre as reservas de glicogênio, os atletas foram submetidos à ressonância nuclear magnética antes e após cada teste. Todos foram submetidos aos três procedimentos experimentais com, no mínimo, uma semana de intervalo. Após análise dos dados coletados, a ressíntese de glicogênio foi aumentada mediante a ingestão da solução contendo carboidrato mais proteína, entretanto este aumento não contribuiu para um melhor desempenho físico.

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